Simone de Beauvoir reconhece o progresso psicanalítico em considerar “que nenhum fator intervém na vida psíquica sem ter revestido um sentido humano”. Contudo, critica o fato de que Freud toma fenômenos por dados, fracassando em explicar suas origens: a psicanálise toma por verdadeiros fatos inexplicados.
O homem-bomba – Achille Mbembe
O território ocupado e regido pelo necropoder gera dois tipos de lógicas próprias para aquelas que são suas vítimas: a lógica da sobrevivência e a lógica do martírio. Enquanto a primeira é amparada pela noção de morte do outro como possibilidade da sobrevivência do eu, a segunda insere o sacrifício como elemento de libertação e transgressão, tendo no homem-bomba sua ilustração perfeita.
Necropoder e colônia – Achille Mbembe
A partir de Mbembe, entende-se que a colônia tardo-moderna é o laboratório de observação do exercício do necropoder. No território ocupado, tem-se a categorização de tipos de pessoas, sempre num status entre sujeito e objeto, de tal maneira que a própria humanidade deve ser vista em perspectiva. O racismo de Estado, enquanto necessidade para fazer morrer na tecnologia do biopoder, carrega consigo o fortalecimento da raça que se deve fazer viver; o necropoder não funda a morte na contrapartida da vida necessária, o necropoder age pela morte como necessidade civilizacional, como ação por si, classificação e proposta de morte.
Necropolítica e biopoder – Achille Mbembe
O biopoder, através do racismo de Estado, cria ferramentas de anonimato na morte em massa daqueles que podem e devem ter seu direito de viver atravessado pelo fazer morrer do poder. Quando se observa as colônias, percebe-se que a guerra é amparada pelas fantasias geradas colonialmente e seu objetivo não é a paz. A guerra já não funciona nos moldes da leitura política tradicional, como enfrentamento de Estados soberanos, como enfrentamento submetido a regras que indicam a civilidade dos participantes. Assim, o massacre colonial é liberado. Tem-se, então, a necropolítica operada.
Política para morte – Achille Mbembe
Neste início de argumentação, Achille Mbembe busca uma maneira fora da tradição tardo-moderna de leitura política para compreender a possibilidade da criação de máquinas de morte no exercício do poder pelos Estados modernos. Este exercício não poderia ser explicado sob os auspícios da leitura política vigente guiada pela razão e pela comunicação, mas sim por uma análise das possibilidades de construção de mecanismos de poder em que a morte é protagonista (e isso justamente nos Estados que encabeçam as luzes). É necessário uma análise da soberania enquanto elemento de transgressão, não de iluminação.
O Mal-Estar na Civilização – Sigmund Freud
O Mal-Estar na Civilização (1930) é um importante texto de Sigmund Freud que aborda sua teoria da cultura. Nele, o pai da psicanálise ensaia a respeito dos conflitos entre indivíduos e sociedade, que resultam em infelicidades e evocam respostas a elas.
O gesto de leitura político – Michel Pêcheux
O gesto de leitura é o atravessamento do sujeito pelo discurso expresso na forma da escritura a respeito de outros textos, outros discursos. Neste trabalho, os discursos de Ciro Gomes, Fernando Haddad e Marina Silva são analisados para se compreender o gesto específico de suas leituras a respeito da reunião ministerial do Governo Bolsonaro ocorrida no dia 22 de abril de 2020. Os resultados são os esquemas semânticos de cada candidato para dar vazão aos seus olhares próprios a respeito do acontecimento.
Escrita disciplinar – Michel Foucault
A escrita disciplinar funciona como mecanismo de maximização do valor do registro, de maneira que o recolhimento de dados evolutivos sobre o mesmo indivíduo e a comparação entre diferentes indivíduos para facilitar o estabelecimento de uma gestão de população se torna um objetivo alcançável.
O Homem dos lobos – Sigmund Freud
O Homem dos Lobos é o caso de um aristocrata russo que vai se tratar com Freud em Viena em função de fobias, pesadelos e depressões que lhe acometiam.
O relato do analista é concentrado na formação da neurose primária do paciente, desenvolvida com fantasias relacionadas à cena primária.
Formação discursiva em Foucault e Pêcheux: diferenças e semelhanças
Michel Foucault e Michel Pêcheux utilizam a noção de formação discursiva para dar conta de seus desenvolvimentos na análise dos discurso. Para Foucault, trata-se de uma noção que dá conta das contradições internas do próprio discurso, da própria maneira de se ver seus objetos, enquanto Pêcheux trabalha esta noção através dos processos de identificação e assujeitamento, o que prolifera em quantidade a presença das formações discursivas.