O homem negro como signo da morte – Sueli Carneiro

É possível estabelecer uma relação entre a escravização, o momento pós-abolição de exclusão social de ex-escravizados que nem sequer entraram no fluxo de disciplinarização para entrada no mercado de trabalho e o presente de morte estatisticamente superior de pessoas negras comparadas com pessoas brancas.

O biopoder e a biopolítica – Michel Foucault

O biopoder é uma tecnologia de regulamentação que tem como objeto o corpo-espécie, a população e suas taxas estatísticas de doenças, nascimentos, etc. A partir de uma visão global, tem como intento criar análises e políticas em nível macro, considerando as taxas de normalidade para cada objeto específico observado.

A servidão maquínica e a escola neoliberal – Pedro Pagni

A servidão maquínica atua nas sociedades neoliberais como forma de produzir sujeitos que, em vez de refletir, agem por reflexo. São partes de sistemas de máquinas em que a oposição entre sujeito e objeto é substituída pela extensão dos sujeitos vistos como parte de um mecanismo global. Por sua vez, a escola é um dispositivo central na maquinização dos sujeitos.

Vidas indignas – Giorgio Agamben

A emergência das elaborações jurídicas acerca da eutanásia e de sua extensão aos sujeitos que não decidir por este ato sozinhos marca a delimitação de um homo sacer específico no seio da sociedade nazista. Entretanto, não somente a sociedade nazista fabrica seus homens sacros, pois este é um mecanismo presente em toda sociedade.

O poder pastoral – Michel Foucault

O poder pastoral, então, é um poder que atua sobre o indivíduo e sobre o agrupamento com a mesma tenacidade. Se justifica pela busca da salvação, do objetivo compartilhado individualmente e coletivamente imposto. Tal poder necessita de um pastor que se faz como responsável pelo bem-estar do rebanho e, ao mesmo tempo, de um rebanho que humildemente obedece a ordem do pastor abdicando de sua vontade própria pelo objetivo maior da salvação.

O ministro em Michel Foucault – DROPS #41

Da série “Biopoder“. Bom, da última vez, falei um pouco do pastorado e da especificidade do pastorado. Por que lhes falei disso e tão longamente? Digamos que por duas razões. A primeira foi para procurar lhes mostrar – o que na certa não lhes passou despercebido – que não existe moral judaico cristã*; [a moral…

O povo – Michel Foucault

A condução das condutas dos membros do povo constitui o governo sobre a população. A população, por sua vez, é o resultado da filiação (consciente ou não) dos indivíduos aos desígnios do poder que governa. O povo é seu contrário, mas não é o oposto delinquente da população. Não se trata somente disso e essa oposição não é central. O povo é o objeto a ser administrado, gerido pelo Estado a partir de uma ciência própria. O povo é ingênuo e, em sua ingenuidade, pede um pastor que o guie pelo melhor caminho, que evite sofrimento em demasia e, ao mesmo tempo, a selvageria contra alvos não adequados.

O dispositivo – Michel Foucault

Entende-se que o dispositivo, através da explicação de Foucault, pode ser compreendido a partir de três características: sua heterogenia, sua emergência e a urgência que pretende responder. O dispositivo é composto por um conjunto de elementos dispersos, sem coerência explícita necessária, elementos discursivos e não discursivos, que se relacionam, resolvem uma urgência específica. O dispositivo é uma ferramenta analítica avessa ao universal, avessa ao atemporal.

O modelo de poder da tecelagem – Michel Foucault

O poder pastoral tem entrada na Europa a partir do pensamento oriental, principalmente hebreu, mas também pitagórico. O pensamento grego, por sua vez, redireciona a análise do homem político para o paradigma da tecedura, em que cabe ao político organizar, unir e dar condição para o exercício dos pastorados particulares na cidade: é a tecedura que permite uma administração para favorecer o pastorado do ginasta, do médico, do pedagogo e etc.