Achille Mbembe: O que mais me afeta quanto ao momento que vivemos é a extensão da brutalidade desencadeada quase em todos os lugares do nosso planeta. Brutalidade contra a natureza, o meio ambiente; brutalidade contra aqueles entre nós que são os mais vulneráveis; e a brutalidade resumida pelo sistema econômico no qual vivemos que se…
Tag: Necropolítica em Achille Membe
Necropolítica é uma noção cunhada pelo filósofo e historiador, professor de história e ciência política na Universidade de Witwatersrand (África do Sul) e na Universidade de Duke (EUA), o camaronês Achille Mbembe.
Publicações do autor:
- 1985 Les Jeunes et l’ordre politique en Afrique noire
- 1996 La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun, 1920-1960 : histoire des usages de la raison en colonie
- 2000 De La Postcolonie, essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine
- 2000 Du Gouvernement prive indirect
- 2010 Sortir de la grande nuit – Essai sur l’Afrique décolonisée
- 2014 Crítica da Razão Negra, Antígona
- 2016 Políticas da Inimizade, Antígona
- 2019 Brutalisme, ed. La Découverte
Veja abaixo os artigos do Colunas Tortas sobre a necropolítica em Achille Mbembe!
O neoliberalismo, por Achille Mbembe – DROPS #31
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Editora Antígona, 2014, p. 13-16. Por neoliberalismo entenda-se uma fase da história da Humanidade dominada pelas indústrias do silício e pelas tecnologias digitais. O neoliberalismo é a época ao longo da qual o tempo (curto) se presta a ser convertido em força reprodutiva da forma-dinheiro. Tendo o capital…
Da biopolítica à necropolítica – Suze Piza
O racismo adquire uma característica positiva, ou seja, prescritiva da morte: em vez de um subproduto da biopolítica, em vez de uma necessidade de matar mesmo após transformar a política monárquica em política para fazer viver sua população, uma necessidade de matar que até mesmo não se faz como necessidade, mas como imperativo.
A democracia escravista – Achille Mbembe
Tanto o sistema colonial com o escravagista se unem de maneira envergonhada mas real com a democracia. Fazem parte de seu inventário amargo, de difícil digestão. A democracia ocidental nunca foi imune ao sistema de desigualdade evidente nas práticas coloniais e escravagistas.
Três características de nossa época – Achille Mbembe
No caminho oposto a uma visão dos efeitos da globalização nas metrópoles e nos locais dominados, Achille Mbembe caracteriza nossa época a partir de um olhar à migração, ao movimento dos corpos entre os territórios nacionais, um olhar à política que é feita sobre os corpos dominados, que os fabrica, a partir de um olhar sobre as condições materiais de realização da política moderna que, em alguns momentos, tende à necropolítica.
Nanorracismo, por Achille Mbembe – DROPS #28
MBEMBE, Achille. Políticas da inimizade. São Paulo, SP: N-1 edições, 2020, p. 98-101, 105. Mas o que se deve entender por nanorracismo, senão essa forma narcótica do preconceito de cor que se expressa nos gestos aparentemente inócuos do dia a dia, por causa de uma insignificância, uma afirmação aparentemente inconsciente, uma brincadeira, uma alusão ou…
O desejo de apartheid – Achille Mbembe
Aquele que se situa do outro lado do muro não é só um outro, mas é um outro que se faz como nada. Sua perda não é sentida, não por ser um sujeito menor, mas por praticamente não ser sujeito. Eram corpos que cercavam e, no limite, precisavam ser separados, precisavam ser vigiados e precisavam existir para manter estável a criação do inimigo a ser conquistado.
Martírio e fim – Achille Mbembe
O mundo externo impede a realização de uma vida já entendida como mítica, enquanto o mundo interno permite a acumulação de forças para a produção de uma nova moral. Desta forma, o martírio e o suicídio acontecem como medidas de existência: a existência acontece no momento de morte, de aproximação sagrada de Deus (ou do absoluto).
A fabricação dos mortos – Achille Mbembe
O corpo que pode ser morto, se faz como corpo não digno de sensibilidade, despido de todo direito moderno, despido de todo estatuto ético e imerso na máquina administrativa moderna como elemento descartável, passível de substituição individual ou de obliteração coletiva.
O homem-bomba – Achille Mbembe
O território ocupado e regido pelo necropoder gera dois tipos de lógicas próprias para aquelas que são suas vítimas: a lógica da sobrevivência e a lógica do martírio. Enquanto a primeira é amparada pela noção de morte do outro como possibilidade da sobrevivência do eu, a segunda insere o sacrifício como elemento de libertação e transgressão, tendo no homem-bomba sua ilustração perfeita.