Diferentemente de uma relação com a lei, no pastorado cristão há uma rede de relações que tangenciam o que seria uma lei, dependente da iniciativa das ovelhas que, ao se doarem à obediência, ao se colocarem como elemento a ser guiado, facilitam o exercício deste poder sem a necessidade da aplicação da força temerária.
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A constituição do sujeito moderno, por Michel Foucault – DROPS #51
FOUCAULT, Michel. Segurança, Território e População: curso dado no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 242-244. Terminarei então dizendo que, por um lado, vemos nascer com o pastorado cristão uma forma de poder absolutamente nova. Vemos também – será esta a minha segunda e última conclusão -, vemos também se esboçar,…
As ovelhas – Michel Foucault
Instaurando um tipo de intervenção individual, o pastorado cristão inova pois não depende da aplicação de uma lei, mas da obediência individual e cotidiana cobrindo todos os aspectos da vida de cada indivíduo conduzido e, apesar de ensinar a verdade, necessitará de um tipo de vigilância minuciosa para garantir a introdução de uma verdade secreta, de uma verdade na conduta, de uma verdade da interioridade, de algo que necessita da obediência para ser aprendido.
4 princípios do poder pastoral, ou a economia dos deméritos e dos méritos – Michel Foucault
A posição de pastor, no poder pastoral, não envolve certo status de autoridade, não envolve a propriedade do poder que é exercido sobre as ovelhas. Tanto pastor como ovelhas estão indissociados em seu destino e em sua avaliação final. Tanto o rebanho com o pastor serão avaliados um pela imperfeição e pelos atos do outros. Ambos recebem o mérito da imperfeição e uma relação de dependência mútua e servidão geral.
O poder pastoral – Michel Foucault
O poder pastoral, então, é um poder que atua sobre o indivíduo e sobre o agrupamento com a mesma tenacidade. Se justifica pela busca da salvação, do objetivo compartilhado individualmente e coletivamente imposto. Tal poder necessita de um pastor que se faz como responsável pelo bem-estar do rebanho e, ao mesmo tempo, de um rebanho que humildemente obedece a ordem do pastor abdicando de sua vontade própria pelo objetivo maior da salvação.