A loucura em David Hume – DROPS #27

Abaixo, excertos relacionados à loucura e retirados de Uma investigação acerca do entendimento humano* de David Hume, publicado originalmente em 1748. Para recolhê-los, foram utilizadas as palavras-chave “louc” (para cobrir “louco”, “loucura”, “louca”), “idiot” (para cobrir “idiota”, “idiotia”), “imbec” (para cobrir “imbecil”, “imbecilidade”) e, por fim, “estup” (para cobrir “estúpido”, “estupidez”). Não foram encontrados registros…

A Nau dos loucos para Michel Foucault – DROPS #17

FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 1ª edição, 1978, p. 12-16. Fato curioso a constatar: é sob a influência do modo de internamento, tal como ele se constituiu no século XVII, que a doença venérea se isolou, numa certa medida, de seu contexto médico e se integrou, ao lado da…

As 4 formas de consciência da loucura – Michel Foucault

A primeira forma da consciência delimita uma região da linguagem em que se defrontam loucura e razão num movimento de profunda crítica e reversibilidade; a segunda forma retoma velhos rituais de corte social, de purificação social e constrói uma série de normas passíveis de aplicação na realidade social; já a terceira forma não está no nível do conhecimento, mas sim do reconhecimento, da identificação, do sinal, que já traduz a não loucura do sujeito que identifica; por fim, a quarta forma destrói o drama sobre a loucura que poderia ser conjurado pela primeira consciência e, ao mesmo tempo, silencia toda forma de diálogo (justaposto ao silenciamento provocado pela forma consciência prática), pois a loucura já aparece como objeto inerte, desarmado e, de certa forma, débil.

Loucura enquanto ofuscamento – Michel Foucault

Enquanto o homem clássico se encontra sempre no trajeto da verdade que passa profundidade da noite e pela verdade da luz, o desatinado se perde pelas imagens que confundem o dia com a noite. O ofuscamento é forte o bastante para aproximar a loucura do signo da indiferença em relação à realidade.

A loucura em René Descartes – DROPS #12

DESCARTES, René. Meditações. 2º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005 (Clássicos), p. 31-33. Tudo o que recebi até o presente como mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos; ora, algumas vezes experimentei que tais sentidos eram enganadores, e é de prudência jamais confiar inteiramente naqueles que uma vez nos enganaram. Vinicius SiqueiraInstagram:…

Loucura e o sonho – Michel Foucault

Na loucura, um sonho é afirmado como real e conduz ao erro. O erro está elevado à impossibilidade do acerto, não exatamente à falta de correspondência do que se percebe com a realidade. A loucura, a partir do erro e da imersão no sonho, se faz como nada. Mas em seu estatuto de nada, a loucura paradoxalmente se manifesta na ordem da razão e, assim, é identificada em suas positividades particulares.

A grande internação – Michel Foucault

A pobreza foi o primeiro alvo formal das casas de internação, uma multiplicidade disforme foi seu habitante de fato: após o esvaziamento dos leprosários, o espaço vazio foi preenchido por uma massa confusa. Um novo gesto organiza uma nova sensibilidade à miséria e à assistência aos pobres, ao mesmo tempo, cria uma espaço que será preenchido pela confusa massa de desatinados, de infelizes percebido sob o signo da loucura durante a Idade Clássica através do nascimento de uma nova razão.

As 4 características do delírio na Idade Clássica – Michel Foucault

A estrutura de percepção do delírio o coloca como elemento que transcende o corpo e atinge a alma, que transcende a observação do corpo e atinge uma estrutura elementar da loucura mas, ao mesmo tempo, é animado pela sua existência. A totalidade do corpo e da alma estão em jogo no discurso delirante.

As quimeras da loucura – Michel Foucault

Entende-se o delírio como momento para a expressão da verdade última da loucura, enquanto linguagem delirante que, num salto irônico, tem base na própria linguagem da razão. Convive com a linguagem da razão, pois é como que o espaço delimitado e excluído por ela: a linguagem delirante trabalha com a lógica irredutível e rigorosa da razão, mas através de um fio condutor ilusório.

Antes da loucura, a pobreza – Michel Foucault

O internamento passa a ser a ordem perante a pobreza, já dessacralizada e assistida por instituições seculares. O miserável submisso saberá que o internamento é o melhor para sua vida, será internado de bom grado; o miserável insubmisso, justamente por sua insubmissão, merece o internamento e, mesmo o recusando, deverá ser internado.