A partir da insanidade, a família foi capaz de reunir toda uma variedade de inadequações e inseri-las num campo de culpabilidade que se tentou encontrar, em vão, a culpabilidade anteriormente moral nas próprias características da doença mental. É a partir dela que a homossexualidade se tornou caso de família e caso de tensão familiar. A família, assim, se torna topos da geração de um número diverso de formas da loucura.
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O desatinado em Michel Foucault – DROPS #3
FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 9ª edição, 2012, p. 249. Grifos nossos. Esse gesto que fazia a loucura desaparecer num mundo neutro e uniforme da exclusão não assinalava um compasso de espera na evolução das técnicas médicas, nem no progresso das idéias humanitárias. Ele se revestia de seu sentido…
Loucura e crime – Michel Foucault
Há uma implicação específica que une loucura e crime em uma relação de mutualidade: o mais exaltado dos loucos terá, ao menos, uma parcela de maldade em seu espírito; o mais maldoso dos criminosos será, ao menos um pouco, desatinado. O relacionamento entre loucura e mal não está mais no campo do todo fantasmagórico da Renascença, um todo oculto do mundo. Na Idade Clássica, há uma loucura e uma maldade justapostas e dependentes de uma decisão individual, de um poder todo do homem, sua escolha, sua vontade.
A loucura suicida – Michel Foucault
O suicídio passa a frequentar um campo fora do sagrado, um campo de existência que depende de uma certa secularização da pena e, ao mesmo tempo, ressacralização institucional: a emergência da Contrarreforma e seu olhar ao erro contra o próprio corpo em conjunto com a máquina de internamento do século XVII. O suicida, assim, passa a ser exemplo de um tipo de insano clássico: aquele que expressa uma recusa ética fundamental.