Formação discursiva em Foucault e Pêcheux: diferenças e semelhanças

Michel Foucault e Michel Pêcheux utilizam a noção de formação discursiva para dar conta de seus desenvolvimentos na análise dos discurso. Para Foucault, trata-se de uma noção que dá conta das contradições internas do próprio discurso, da própria maneira de se ver seus objetos, enquanto Pêcheux trabalha esta noção através dos processos de identificação e assujeitamento, o que prolifera em quantidade a presença das formações discursivas.

Poder disciplinar – Michel Foucault

O poder disciplinar emerge em conjunto com a nascente sociedade burguesa no século XVIII. Toma sua forma nos aparelhos disciplinares como a escola, o exército, a oficina e a prisão. É através desses aparelhos e em seus processos que o poder atua sobre o corpo, seu alvo principal e, com modos de organização do espaço e do tempo, define, delimita, individualiza e otimiza as chances de docilização do corpo.

Espaço disciplinar – Michel Foucault

O espaço disciplinar visa aumentar a eficiência econômica da prática sobre os corpos. A docilização é aumentada e o adestramento é maximizado. Para isso, é necessário individualizar, manter as coletividades desunidas, não permitir a troca de informações, racionalizar a arquitetura para que contribua aos objetivos disciplinares, para aumentar as curvas de visibilidade, seja na prisão, no hospital ou na escola.

Tempo disciplinar – Michel Foucault

O tempo disciplinar não é um modo de operação planejado e pensado como um tipo perfeito de modelo para a produção, nem mesmo é uma qualidade natural da realidade ou uma categoria do pensamento humanos. É um tempo social presente nas divisões seriais e nas continuidades regulares promovidas pelas diferentes instituições disciplinares da sociedade contemporânea.

Linguagem e a realidade – Émile Benveniste

Passa-se pela proposta de Benveniste, com articulações breves com Foucault através do enunciado como função de existência e do discurso como conjunto de enunciados regidos por um mesmo conjunto de regras, até terminar na necessidade do elemento coletivo ao exercício da linguagem e desta última para a constituição da sociedade.

A disciplina e o adestramento – Michel Foucault

A sociedade disciplinar tem dois grandes mecanismos de adestramento de corpos e constituição de individualidades: a vigilância hierárquica e a sanção normalizadora. Quando combinadas, dão luz ao exame, mecanismo largamente espalhado na contemporaneidade. O indivíduo é um tipo social fabricado positivamente pela disciplina e, ao mesmo tempo, é um elemento constituinte de uma representação ideológica da sociedade, uma realidade fabricada pela tecnologia da disciplina e um elemento central na constituição da sociedade de indivíduos.

O exemplo da disciplina na produção – Foucault

O sistema capitalista aproveita fundamentalmente das disciplinas nascentes no período da Revolução Industrial para conformar e tornar cada trabalhador produtivo. As disciplinas, por sua vez, expressam-se no ambiente de trabalho a partir do complexo de vigilância e punição das infrações dos trabalhadores. A partir de processos concomitantes e articulados, o trabalhador do sistema de produção capitalista é assujeitado a sanções e normas que garantem a reprodução das relações de produção.

O ilegalismo popular – Michel Foucault

Até o início do século XIX, os ilegalismos populares existiam como possibilidade de desenvolvimento do sistema capitalista. O fim dos ilegalismos populares tem ligação direta com a eliminação da funcionalidade que tais práticas possibilitavam à nascente sociedade capitalista. Para este fim, o aparato estatal concentrou as funções de penalização e encarceramento, além de criar a noção de delinquente, o criminoso inimigo social, peste que prejudica cada membro da sociedade.

Interpretando Hobbes – Foucault

O artigo discute a noção de guerra civil como modelo de guerra de todos contra todos proposto por Thomas Hobbes em Leviatã. Michel Foucault considera que tal noção não comporta os elementos coletivos que se desenvolvem e se movem durante o processo da guerra civil. É necessário rejeitar a ideia hobbesiana de que o estabelecimento de um soberano e seu exercício do poder anulam a guerra em seu espaço de dominação, pois na própria guerra civil há movimentação do poder estabelecido e não estabelecido.

Foucault é preferido por 67,5%, Bakhtin e Pêcheux aparecem em seguida

A pesquisa presente neste artigo tem como objetivo elucidar pontos básicos sobre o perfil do estudante de análise do discurso. Apesar de ser feita com uma população de estudantes usuários do site Colunas Tortas, a pesquisa tem sua validade na medida em que o público do site é diretamente aquele a quem a pesquisa se destina: estudantes, em sua maioria, de análise do discurso.