Da série “Pensando o fascismo“.
O fascismo oferece uma certa forma de liberdade. Ele sempre se construiu a partir dessa vampirização da revolta. Há uma anarquia bruta, um carnaval sempre liberado pelo fascismo, só que no seu caso, essa liberdade se transforma na liberação da violência por aqueles que já não aguentam mais ser violentados.
O carnaval aqui não é a reversão da ordem: é a conjugação entre a ordem e a desordem. É a desordem travestida com a fantasia da ordem. É o governo que permite esfolar refugiado, atirar em comunista, falar para uma mulher “não te estupro porque você não merece”.
Brutalizar toda e qualquer relação social.
Esse vai ser sempre um dos piores efeitos de um governo fascista: criar uma sociedade à sua imagem e semelhança.
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Afinal, não é pra “levar à sério” o que eles dizem. Só que, quem sabe o que se deve então levar exatamente à sério, o que é real e o que é somente uma bravata? Só eles mesmo. Isso se chama: misturar a ordem com a desordem. Isso é fascismo.
Instagram: @viniciussiqueiract
Vinicius Siqueira de Lima é mestre e doutorando pelo PPG em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da UNIFESP. Pós-graduado em sociopsicologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e editor do Colunas Tortas.
Atualmente, com interesse em estudos sobre a necropolítica e Achille Mbembe.
Autor dos e-books:
Fascismo: uma introdução ao que queremos evitar;
Análise do Discurso: Conceitos Fundamentais de Michel Pêcheux;
Foucault e a Arqueologia;
Modernidade Líquida e Zygmunt Bauman.