O biopoder (ou a biopolítica) – Michel Foucault

O biopoder é uma tecnologia de regulamentação que tem como objeto o corpo-espécie, a população e suas taxas estatísticas de doenças, nascimentos, etc. A partir de uma visão global, tem como intento criar análises e políticas em nível macro, considerando as taxas de normalidade para cada objeto específico observado.

Vidas indignas – Giorgio Agamben

A emergência das elaborações jurídicas acerca da eutanásia e de sua extensão aos sujeitos que não decidir por este ato sozinhos marca a delimitação de um homo sacer específico no seio da sociedade nazista. Entretanto, não somente a sociedade nazista fabrica seus homens sacros, pois este é um mecanismo presente em toda sociedade.

O poder pastoral – Michel Foucault

O poder pastoral, então, é um poder que atua sobre o indivíduo e sobre o agrupamento com a mesma tenacidade. Se justifica pela busca da salvação, do objetivo compartilhado individualmente e coletivamente imposto. Tal poder necessita de um pastor que se faz como responsável pelo bem-estar do rebanho e, ao mesmo tempo, de um rebanho que humildemente obedece a ordem do pastor abdicando de sua vontade própria pelo objetivo maior da salvação.

O ministro em Michel Foucault – DROPS #41

Da série “Biopoder“. Bom, da última vez, falei um pouco do pastorado e da especificidade do pastorado. Por que lhes falei disso e tão longamente? Digamos que por duas razões. A primeira foi para procurar lhes mostrar – o que na certa não lhes passou despercebido – que não existe moral judaico cristã*; [a moral…

O povo – Michel Foucault

A condução das condutas dos membros do povo constitui o governo sobre a população. A população, por sua vez, é o resultado da filiação (consciente ou não) dos indivíduos aos desígnios do poder que governa. O povo é seu contrário, mas não é o oposto delinquente da população. Não se trata somente disso e essa oposição não é central. O povo é o objeto a ser administrado, gerido pelo Estado a partir de uma ciência própria. O povo é ingênuo e, em sua ingenuidade, pede um pastor que o guie pelo melhor caminho, que evite sofrimento em demasia e, ao mesmo tempo, a selvageria contra alvos não adequados.

O dispositivo – Michel Foucault

Entende-se que o dispositivo, através da explicação de Foucault, pode ser compreendido a partir de três características: sua heterogenia, sua emergência e a urgência que pretende responder. O dispositivo é composto por um conjunto de elementos dispersos, sem coerência explícita necessária, elementos discursivos e não discursivos, que se relacionam, resolvem uma urgência específica. O dispositivo é uma ferramenta analítica avessa ao universal, avessa ao atemporal.

O modelo de poder da tecelagem – Michel Foucault

O poder pastoral tem entrada na Europa a partir do pensamento oriental, principalmente hebreu, mas também pitagórico. O pensamento grego, por sua vez, redireciona a análise do homem político para o paradigma da tecedura, em que cabe ao político organizar, unir e dar condição para o exercício dos pastorados particulares na cidade: é a tecedura que permite uma administração para favorecer o pastorado do ginasta, do médico, do pedagogo e etc.

O tríplice deslocamento da analítica do poder – Michel Foucault

O triplo deslocamento para análise das relações localizadas 1) no exterior da instituição, 2) no exterior de suas funções e 3) no exterior dos objetos que são seus alvos permite o reconhecimento do funcionamento global do poder e, assim, da constituição das instituições, de suas funções e seus objetos para além daquilo que é declarado intencionalmente pela própria instituição, para além do mundo fechado em si da análise institucional que Foucault se contrapõe.

O nascimento da população – Michel Foucault

A população emerge como novo personagem político da modernidade. Ela é caracterizada como resultante de diversas variáveis: climáticas, urbanas, econômicas, psicológicas, culturais, tributárias, etc. Não se trata mais de ter na população a expressão da força de um soberano: a população, na modernidade, é o fluxo de desejo que pode ocupar o espaço público. Entende-se, assim, que a nova forma de governo trabalha para confluir os desígnios do poder e a vontade geral da população captada através de uma certa liberalização com objetivo de tornar livre o movimento dos desejos de cada indivíduo.