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Achille Mbembe: biografia
Quem é Achille Mbembe?
Mbembe (n. 1957) é filósofo, cientista político e intelectual público. Obteve seu doutorado na Université Paris 1 (Panthéon-Sorbonne) em 1989 e posteriormente obteve o DEA em Ciência Política no Institut d’études politiques, Paris. Durante seu tempo na França, Jean-Marc Ela, Jean Leca e Jean-François Bayart tiveram uma profunda influência sobre seus estudos. As informações são do perfil do professor na European Graduate School, Groupe d’études géopolitiques e do Holberg Prize.
Mbembe é Professor Pesquisador de História e Política no Wits Institute for Social and Economic Research em Joanesburgo, África do Sul e Professor Visitante no Departamento de Estudos Românticos do Franklin Humanities Institute, Duke University. Ele também ocupou cargos na Universidade de Columbia (1988-1991), Berkeley (2001), Universidade de Yale (2003) e na Universidade da Califórnia (2004-2005). Na primavera de 2012, ele foi professor visitante na Universidade de Harvard (2012) (WISER, s.d.).
Os interesses de investigação de Achille Mbembe situam-se nas ciências sociais e na história e política africanas. Mais precisamente, Mbembe investiga a “pós-colônia” que vem após a descolonização. Ele está especialmente interessado no surgimento da “cultura afro-cosmopolita”, juntamente com as práticas artísticas que estão associadas a ela. No entanto, ele também explorou criticamente a noção de Joanesburgo como uma cidade metropolitana e o trabalho de Frantz Fanon.
Em 2021, ele foi enviado pelo Presidente da República Francesa para liderar uma série de discussões em doze países africanos e dentro da diáspora africana na França, em preparação para a “Nova Cúpula África-França” de 8 de outubro de 2021. Mais de 65 debates e reuniões ocorreram entre março e julho de 2021, o que permitiu a realização do relatório “As Novas Relações África-França”, publicado antes da Cúpula África-França em Montpellier.
Anteriormente, Mbembe foi secretário executivo do Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais na África (Codesria). Ele estudou história na França de 1982 a 1986 (doutorado na Universidade Panthéon-Sorbonne obtido em 1989), e foi professor assistente de 1987 a 1990 na Universidade de Columbia (Nova York, EUA).
O trabalho inicial de Mbembe focou na violência colonial, na resistência africana e nas lutas pela independência. Analisou a natureza do poder estatal e o levou a repensar a noção de “pós-colônia”. Seus principais livros, muitos dos quais foram traduzidos do francês original, incluem “On the Postcolony” (2000), “Necropolitics” (2016), “Políticas da inimizade” (2016), “Sair da grande noite” (2010), “Brutalismo” (2020) e “A comunidade terrestre” (2022). Estes livros cobrem uma ampla gama de temas, incluindo as contradições inerentes à democracia, raça, etnicidade, biopolítica e política de identidade dentro dos estados africanos.
A ideia principal do autor é acerca do exercício da necropolítica, uma estratégia de poder aplicada em territórios coloniais em que a morte é planejada e aplicada com máxima eficiência. Trata-se de um desenvolvimento teórico que avança sobre as elaborações de Michel Foucault acerca da biopolítica, demonstrando como os Estados-nação biopolíticos, fora do território da metrópole, despiram os sujeitos sob seu julgo de qualquer garantia de direitos ou dignidade.
Mbembe também classifica o próprio neoliberalismo como parte desta necropolítica, desta forma, realizando uma inversão: não se trata de um tipo de governo neoliberal que aplica a necropolítica, mas de uma estratégia necropolítica que gera o tipo de governo neoliberal para aplicá-la e governar os corpos fabricados para a morte.
A inovadora “Crítica da razão negra” (2013) de Mbembe é um estudo filosófico do significado da negritude conforme emergiu historicamente. Avalia como o termo “negro” foi usado para desumanizar em prol do capital. As análises mostram como a negritude foi associada ao ser não-humano ou animal, justificando a reprodução de estruturas opressivas e exploradoras. Mbembe argumenta que, acerca da questão racial, algumas críticas negras têm implicitamente reproduzido a epistemologia da diferença racial.
Pensamento de Achille Mbembe
O pensamento do autor tem influências nos estudos pós-estruturalistas, estudos anticoloniais, decoloniais e seu conceito-chave, a necropolítica, é fruto de um cruzamento entre Michel Foucault, Giorgio Agamben, Georges Bataille e Frantz Fanon, além de ser uma crítica ao pensamento político ocidental.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Achille Mbembe teceu comentários sobre a situação da população negra no Brasil. Segundo o autor, incapaz de criar ancestralidade devido à necropolítica à brasileira.
– Até que ponto o conceito de necropolítica explica a violência contra os jovens negros no Brasil?
Achille Mbembe – É a maneira como lidamos com a vida. É preciso que o valor das vidas seja igual. E não falo só das vidas humanas. Falo dos animais e da natureza, ela própria. Venho da África e estou atento à cosmogonia. Para a população negra brasileira, creio que a necropolítica se traduz num sentimento de impossibilidade de se tornar ancestral.– Pouco a pouco, a população brasileira reconhece sua identidade negra. Por que tanta dificuldade histórica nesse reconhecimento?
Achille Mbembe – Porque o significante “negro”, na história da modernidade, sempre foi o equivalente a nada. As pessoas não querem ser nada. As pessoas querem ser alguma coisa. A ideia de ser negro provoca muito medo nas pessoas.– A miscigenação é necessariamente negativa?
Achille Mbembe – Não, mas a miscigenação histórica é resultado da violência, não da harmonia. A miscigenação é o símbolo do encontro e os encontros sempre tiveram de ser negociados e devem ser construídos para o futuro. A melhor construção é aquela que se desenvolve numa base de igualdade, não sob o signo do estupro.
Para o autor, é possível utilizar as metafísicas animistas africanas para pensar alternativas em nossa realidade digital. Mbembe entende que a civilização ocidental se desenvolveu num movimento de separação cada vez maior dos humanos e dos objetos, de tal maneira que a saúde, felicidade e a extensão da vida são ligado a uma separação cada vez maior com o mundo da natureza ou dos objetos. Até mesmo a noção de alienação demonstra isso, quando define uma fusão do humano com os objetos. “A maioria das grandes lutas emancipadoras travadas nos últimos séculos foi impulsionada pelo sonho de libertar a humanidade do universo da matéria, dos objetos e da natureza”, afirma Mbembe em entrevista a Confavreux (2022).
Entretanto, no neoliberalismo contemporâneo, essa separação não está mais associada à libertação humana. Pelo contrário, entende-se que o ser humano é um produto da tecnologia ou um agente econômico que pode ser instrumentalizado ou cujos desejos e expectativas podem ser previstos. “Tudo, incluindo a própria consciência, está sendo reduzido à matéria” (MBEMBE IN CONFAVREUX, 2022).
Em resumo, parece não haver mais nada que não possa ser organizado por artefatos. Tudo, então, se torna uma escolha puramente consumista, em um mundo e um universo que não são nada além de uma vasta feira de mercado (MBEMBE IN CONFAVREUX, 2022).
A partir das tradições não-ocidentais, como as metafísicas animistas, africanas pré-coloniais ou ameríndias, Mbembe problematiza a relação entre humano e objeto, na medida em que essas metafísicas são menos dicotômicas.
No entanto, o retorno a essas antigas figuras de animismo não está isento de riscos – especialmente no momento atual, onde a razão se encontra sob cerco, e é absolutamente imperativo que aprimoramos nossas faculdades críticas. A crítica da razão deve, portanto, ser distinguida de uma guerra contra a razão; isso, mesmo que muitos engajamentos políticos contemporâneos se baseiem em uma suposta reabilitação dos afetos, da experiência pessoal, dos sentimentos e das emoções, e tomem a forma de lutas viscerais. A maioria das lutas identitárias que animam a política hoje faz parte dessa configuração. Em minha visão, elas nos desviarão dos problemas essenciais que enfrentamos se apenas visarem demarcar fronteiras e se não estiverem explicitamente articuladas a um design mais amplo e planetário: ou seja, reparar o próprio mundo (MBEMBE IN CONFAVREUX, 2022).
Em último livro, Comunidade Terrena, Mbembe realiza uma guinada para um pensamento com preocupações globais. Em entrevista à revista Usbek & Rica, traduzido pelo Outras Palavras, o filósofo comenta que sua visão de comunidade é sobre aquilo que está porvir, que está sempre a ser alcançada e promove uma ética mais humana a cada passo seguinte que podemos dar em direção a ela.
– Vamos começar olhando para o título do seu livro, A comunidade terrena. O que essa comunidade significa para você? O que constitui sua singularidade?
Achille Mbembe – A comunidade terrena não é uma comunidade que já está aí, mas uma comunidade por vir. Ela não existe neste momento como tal, mesmo que, aqui e ali, vejamos manifestações dela. É uma comunidade que, no fundo, estará sempre à nossa frente. É isso que a torna uma utopia, não no sentido de um sonho fantástico, mas no sentido de uma injunção que nos coloca frente a frente com nossas responsabilidades em relação ao porvir. Um porvir de agora em diante planetário, e que envolve, mais que os humanos; mais do que os humanos e os animais; mais do que os humanos, os animais e as plantas: os objetos e as forças cósmicas com os quais somos chamados a entrar em ressonância.
Este é o sonho que tenho aqui, hoje. Mas, como acabei de dizer, forças que se questionam sobre essa possibilidade vêm surgindo em praticamente todo o mundo há muito tempo. O esforço que fiz neste livro consistiu em reunir essas forças dispersas em torno de um nome, ainda que pudéssemos sem dúvida ter achado um outro. Por meio da escrita e da crítica, parecia-me que era preciso, de todo modo, convocá-las, para fornecer-lhes ferramentas e um horizonte.
Mbembe continua, ao explicar porque o porvir deve ser pensado em escala planetária:
Achille Mbembe –Na realidade, nosso porvir sempre foi planetário. É a nossa consciência da dimensão planetária do nosso porvir que não era tão viva antes como é hoje. De agora em diante, ela se tornou uma evidência, por pelo menos três razões. Primeiro, a consciência, muitas vezes espetacular, dos limites do nosso mundo e do fato de que os recursos que tornam possível a vida na Terra não são inesgotáveis. Segundo, o fato de estarmos vivendo um momento caracterizado por uma escalada tecnológica sem precedentes na curta história da humanidade na Terra. Finalmente, o aparecimento de acontecimentos virais como a Covid-19 ou outras pandemias, que mostram até que ponto nossa condição biológica está ligada à condição biológica das outras forças viventes. Tudo isso reacende nossa consciência de que pertencemos a um planeta do qual precisamos cuidar coletivamente.
A categoria do “vivente” tal como é hoje entendida no Ocidente, portanto, na sua opinião, tende a excluir o mundo das coisas? Que consequências acarreta esta exclusão?
Achille Mbembe – Na concepção ocidental do vivente, geralmente consideramos o mundo das coisas como algo relacionado à inércia. São forças que os humanos fazem agir: se essas forças estão envolvidas nas ações, é necessariamente graças à intervenção humana. Em última análise, tudo se resume ao ser humano. Ora, as metafísicas que estamos a evocar não partem desta hipótese. Consideram que o que se chama de vivente inclui o mundo dos objetos e das coisas. Elas trazem à ressonância os humanos e todos os seus vizinhos que juntos constituem os habitantes da Terra.
Por outro lado, teremos notado que a maioria das filosofias de emancipação e libertação na tradição ocidental partem do pressuposto de que o humano não é um objeto – na tradição marxista, por exemplo. Isso implica um confronto ontológico entre essas duas entidades. Na antiga metafísica africana, o pressuposto é antes o de uma bio-simbiose, ou seja, uma redistribuição generalizada das propriedades do vivente entre a multiplicidade do existente, cada existente contendo uma ou outra dimensão da vida. Há aí uma força de abertura da imaginação que melhor se adapta ao nosso tempo.
Necropolítica
Trata-se da noção mais conhecida de Mbembe no Brasil. Para compreendê-la, é necessário estabelecer uma mudança no eixo de observação da esfera política. O filósofo camaronês compreende que a política não se constitui no objetivo racional de, através da comunicação, alcançar uma harmonia social. Ou seja, o objetivo da política moderna em estabelecer um espaço de comunicação racional é limitado pela própria característica da soberania, que é a transgressão máxima, a morte (MBEMBE, 2016).
A perspectiva da política enquanto possibilidade de transgressão atualiza o entendimento da própria forma política moderna. Desloca o seu objetivo: não se trata mais de compreender a política enquanto possibilidade de resolução de conflitos de maneira racional, mas de observar a realidade concreta e compreender que a política, com foco na soberania, envolve a possibilidade de matar legitimamente (SIQUEIRA, 2020, s.p.).
Este entendimento colabora com a análise da realidade concreta das colônias. Achille Mbembe não rejeita a visão foucaultiana da biopolítica, compreende que de fato a estratégia de poder para explicar as práticas políticas dentro dos territórios da metrópole passa pelo biopoder, mas este, por sua vez, se limita ao território dos sujeitos livres, dos sujeitos de direitos, dos sujeitos que são implicados em práticas políticas de fazer viver.
No território da colônia, a explicação que abarca o biopoder é insuficiente. Na colônia, não há sujeitos de direito, não há uma prática de fazer viver, não há uma consideração sobre a dignidade do outro. Na colônia, o racismo atua como parte da estratégia de distribuição das mortes, ou seja, os mortos são fabricados para que vivam uma vida em seu limite externo.
A desumanização é levada à cabo a partir da construção de imaginários culturais próprios dos colonizadores a respeito do povo colonizado. São esses imaginários que preservam a base ideal do exercício cru do poder, da violência direta, da ação frequente sobre o povo oprimido. Entretanto, não se trata somente de uma imagem socialmente construída, mas também da opressão com base num argumento religioso fundamental que, juntos, promovem a exploração dos povos colonizados (SIQUEIRA, 2020b, s.p.).
E, quando os corpos passíveis de morte são fabricados, resta à população soberana da ocupação aplicar esta morte no cotidiano, seja simbolicamente ou concretamente. A necropolítica é uma estratégia de poder aplicada nas colônias que preconiza a soberania da população demonstrada na morte do povo.
No interior de uma estratégia necropolítica, a morte é previsível e o corpo fabricado para este fim não vive uma vida voltada à superação da condição finita da vida individual, vive uma vida que espera pela morte.
O racismo
Achille Mbembe entende que há, inicialmente, duas formas de racismo que podem ser divididas entre uma tentativa objetiva de caracterizar objetivamente a raça negra como inferior e uma tentativa de caracterizar os produtos culturais de comunidades e países negros como sendo inferiores. De um lado, uma tentativa de tornar o negro inferior em sua constituição biológica, de outro lado, a tentativa de tornar aquilo que é produzido por negros como inferior, “as roupas, a linguagem, as técnicas, as formas de comer, sentar-se, descansar, divertir-se, rir e, sobretudo, as relações com a sexualidade” (MBEMBE, 2020, p. 131).
Na necropolítica, estas formas de praticar o racismo, uma institucional, outra cultural, se complementam formando um imaginário que conduz o corpo negro à morte, à exclusão. É aqui que o racismo distribui os corpos à morte. Se não há morte literal, ao menos há completa exclusão que o nanorracismo causa, sendo este a:
forma narcótica do preconceito de cor que se expressa nos gestos aparentemente inócuos do dia a dia, por causa de uma insignificância, uma afirmação aparentemente inconsciente, uma brincadeira, uma alusão ou uma insinuação, lapso, uma piada (MBEMBE, 2020, p. 98).
Mesmo com integração de negros em uma sociedade dominada por brancos, esta integração acontece por meio da permanência de dispositivos de exclusão que, muitas vezes, nem mesmo geram uma implicação ética aos sujeitos exclusores. O nanorracismo é a forma sutil de minar a autoestima negra de tal maneira que a própria pessoa negra se sente expulsa do espaço. Ao ir embora, ao se retirar, os sujeitos concretos causadores da exclusão não são responsabilizados.
Evidentemente, este tipo de integração que fomenta o uso de práticas nanorracistas só pode acontecer sobre uma estrutura racista, de tal forma que a inclusão do negro se dá através de um processo de exclusão posto: incluído pela exclusão, integrado pela própria possibilidade de não ser tratado como sujeito digno. Homo sacer.
Artigos sobre Achille Mbembe
Quer compreender o pensamento de Achille Mbembe? Abaixo, todos os artigos no Colunas Tortas a respeito do trabalho de Achille Mbembe:
- O que é necropolítica;
- Necropolítica no Brasil: 30 artigos para entendê-lo
- Necropoder e colônia;
- Necropoder e biopolítica;
- Política para morte;
- O homem-bomba;
- A genealogia da democracia ocidental;
- Estado de segurança;
- Fantasia da aniquilação;
- O Outro negro;
- As modalidades e níveis do racismo;
- Nanorracismo e futebol;
- Sobre a contemporaneidade;
- A raça;
- O neoliberalismo;
- A democracia escravista;
Livros de Achille Mbembe
- Sair da Grande Noite: Ensaio sobre a África descolonizada (2010);
- Necropolítica (2011);
- África Insubmissa: Cristianismo, poder e Estado na sociedade pós-colonial (2013)
- Crítica da razão negra (2014);
- Políticas da inimizade (2016).
Referências
Achille Mbembe e a África como futuro. Entrevista cedida ao Usbek e Rica e traduzida pelo Outras Palavras, 2023. Disponível em <<https://outraspalavras.net/descolonizacoes/achille-mbembe-e-aafrica-como-futuro/>>.
CONFAVREUX, J. Decolonial anxieties in a postcolonial world: an interview with Achille Mbembe, Postcolonial Studies, 25:1, 128-135, 2022. DOI: 10.1080/13688790.2022.2050587
MBEMBE, Achille. Políticas da inimizade. São Paulo, SP: N-1 edições, 2020.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios – revista do ppgav/eba/ufrj, n. 32, dezembro 2016.
O direito à vingança não nos traz paz, afirma filósofo Achille Mbembe. Entrevista cedida à Folha de SP, 2024. Disponível em <<https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/03/capitalismo-e-incompativel-com-democracia-afirma-escritor-achille-mbembe.shtml>>.
SIQUEIRA, Vinicius. O que é necropolítica. Colunas Tortas, 2020. Disponível em <<https://colunastortas.com.br/o-que-e-necropolitica-achille-mbembe/>>.
SIQUEIRA, Vinicius. Necropoder e colônia. Colunas Tortas, 2020. Disponível em <<https://colunastortas.com.br/necropoder-e-colonia-achille-mbembe/>>.
WISER. Achille Mbembe. Disponível em <<https://wiser.wits.ac.za/people/achille-mbembe>>. Acesso em 14 de agosto de 2024.